hostil.
Faz de conta que além de você não há mais nada. E que por isso você não precisa falar com ninguém durante um dia, ao menos. Faz de conta que você não se importa com o desapego, com a carreira, com as portas abertas. Faz de conta que não dói.
Que você pode sair correndo pela rua chorando tudo que tem pra chorar mas que pode voltar correndo pro seu sofá, deitar embaixo das cobertas, ficar assistindo gilmore gilrs e fingir que nada aconteceu.
Que ser coroado rei de você não signifca nada, então não importa se você sabe ou não viver sozinho. Faz de conta que você é ingênua e que não te dói nada nada nada saber que nada dura pra sempre. Finge que não há problema naquela cena, pelo menos por um espetáculo que for, não procura ninguém na platéia.
Não nota que você não se incaixa, finge que não importa sentir falta do abraço que você nunca teve, que nem todo dia você vai ter alguém pra abraçar e faz de conta que você não precisa de um abraço pra conseguir desabar.
Faz de conta que você consegue desabar sozinha. Que consegue ir até o fundo daquele poço e encontrar o chão, sozinha. Que o aval do desapego quem dá é você, finge que você consegue deixar pra trás. Finge, pelo menos por um momento, pra não dizer que você nunca fez de conta que se abandonou.
faz de conta primeiro que você não precisa ir lá pra fora.