o mundo pequeno.
sexta-feira, maio 19, 2006
  Para ele.

Pedaços de mim. Os que são meus, aqueles dos quais a gente não se livra porque são nossos, e aqueles que nós seguramos com a gente. Eu não sei se estou disposta a me conhecer por inteiro. Tenho um pouco de medo do que eu posso vir a ser. Medo do que cresce aqui dentro, naquele canto pro qual eu nunca olhos, e no qual eu nunca jogo luz. Temo pelos mil planos ingênuos de alguém que quer acreditar que tudo há de ser perfeito.
Então peço encarecidamente que me pegue no colo. Peço as palavras doces e os olhares mais insinuantes. Peço mais que um amante ou um príncipe. Quero uma pessoa doce e intrigante. Com a qual eu não preciso nada mudar, nem em mim nem em você. Dos meus conflitos mais internos, faço silêncio e pra ser nosso o silêncio mais completo.
Não quero que repare no meu cabelo, ou que entenda qual é a minha identidade, quero apenas que deite-se assim, ao meu lado, pronto para as melhores cinco horas de conversa, assim de coisas aBsurdamente desconexas. Não precisa me trazer um milk-shake de ovomaltine. Me traz um bombom que eu já fico feliz, mas se quiser me trazer um topsunday eu topo.
Não precisa reparar que eu tenho olheiras, ou notar que a cor do elástico do aparelho é diferente porque é a ultima vez que eu coloco elásticos. Não precisa nem me perguntar se eu já comi, ou se eu estou de tpm. A responsa é não, e eu não quero mais falar sobre isso. Quero uma xicara de café quente, uma dança que não precisa necessariamente sair do lugar.

Mas, se porventura, você puder me trazer um raio de sol, eu abro mão do topsunday, mas não da dança.
Traga palavras bonitas, que não precisam rimar ou fazer sentido. Só precisam pertencer a mim, se elas rimarem será apenas mais bonito. Só. Daí eu já não terei mais motivos para querer outra coisa além de ouvir suas palavras doces.

Traz a nossa melodia.
 
segunda-feira, maio 15, 2006
  na manhã da segunda feira
.

As ruas amanheceram encardidas. Nada que fosse novo na vida de Osmar. Para ele, a imundice não era novidade e estava em todos os cantos. Até mesmo naquele restaurante chique que ficava na rua onde ele custumava olhar os carros, mesmo naquele cinco estrelas, os ratos entravam de noite. Mal sabiam as pessoas que lá frequentavam.
O céu amanhaceu tão frio quanto todos os dias anteriores, o sol andava se escondendo. Ele compreendia tudo calado, até mesmo o porquê da atmosfera pesada da manhã. Era medo.

Dormiu como sempre até às 9:45 da manhã, no mesmo canto encardido da mesma pracinha encardida, na frente da estação de trem encardida, onde dormia todos os dias. Até ser acordado pelo dono da banquinha de jornais ao lado.
Depois de andar um pouco para conseguir algumas moedas, comprou um espeto de carne num buteco qualquer do centro da mesma cidade, da qual não saia nunca. Sentou e degustou cada mordida daquele espetinho e do resto de uma tubaína velha que encontrou no lixo.

As pessoas andavam mais rápido naquele dia. Os ônibus eram poucos na rua, e os andantes, que nunca se olhavam, agora não mais ignoravam a presença um do outro no ponto do ônibus. Não dava mais. Qualquer um ali parecia suspeito. A televisão do buteco estava ligada. Copa chegando. Espetinho terminando. O fluxo de carros de polícia aumentava com o passar do dia, mas nada de diferente pra ele e sua monotonia.

No final do dia, deitou-se em seus papelões e dormiu, como qualquer outro dia. Apenas no meio da noite acordou sendo cutucado por uma criança que parecia ter se perdido dos seus pais ao descer do trem, na estação próxima, devido a barulhos de tiros que alarmaram os passageros. Chorava, o coitado. Com roupas pequeninas, típicas de uma pessoa pequena. Era criança afinal de contas, moreno, com o cabelo penteado pro lado.

Confuso com a história, e com mente que já não trabalha no mesmo ritmo de antes, abraçou o garoto que tremia de frio e de medo, e num impulso o colocou deitado, na coberta com a qual ele se cobria. Assim, levantou, sentou ao lado do garoto aconchegado em sua cama. Aquietou-se; esperando o dia amanhecer. Muita maldade no coração, pensava ele com lágrimas por dentro. Muita maldade no coração.
 
terça-feira, maio 09, 2006
  n° 3387 0150 0183 zona 306 seção 0078
Agora eu tenho um título de eleitor. Okay que, por hora, eu não tenho RG, nem carteira, nem CPF; mas tenho título de eleitor.
A casa onde eu fui retirar ela velha e bonita, o sol batia carinhoso no meio de tanto frio, aquele que corta. Assinei e notei, eunão tenho um assinatura, sabia? Não tenho. Escrevo por extenso. Desde menor eu penso em como eu assinaria. Ainda não faço idéia.
A grande e gorda mulher me olhou com aqueles olhos profundos que descendentes de negros custumam ter e seu sorriso branco e disse "menina, agora você é grande". Grande não é palavra usavda muito por aqui.
Saí de lá com aquilo na mão. Agora eu já tenho voz 'ativa' dentro do 'meu' país.
 
quinta-feira, maio 04, 2006
  Profile
Se eu fosse alterar o meu profile hoje:


Tenho dores no estomago, aprendi a aceitar os sutis recados que meu estômago me dá dizendo que é hora de parar, sou eu por ser agitada/acomodada, chorona e manhosa e forte quando precisa. Acredito que sou pequena e sei do meu espaço no mundo, sei que não tenho uma camada à mais de gordura como todo mundo custuma ter, então eu saio com quatro blusas pra escola de manhã, saio mesmo e admito os meus 45 (e futuros 46) kg. Minhas espinhas me indicam excesso de chocolate. Gosto do caminho do ônibus e gosto do tempo que tenho pra gastar dentro de um ônibus e gosto de estar dentro de um ônibus tendo horários e compromissos a cumprir. Vejo a vida crescendo, vejo as mudanças, noto os suspiros do vento. E talvez essa, mas apenas talvez, seja a minha loucura. Taí, não sei.
Sou inteiro da metade do que eu quero ser num futuro inteiro; os meus "não sei" são usados como resposta correta e fundamentada nas questões de dentro da minha cabeça, e não importam que digam para mim que eu não sei escolher. Não sei. Seguro frases de efeito e momentos perfeitos enquanto não os esqueço e somente mesmo, por esse período curto de tempo, depois eu solto. Esqueço da química, mas não esqueço da atividade dos elétrons num starfix.
Choro quando penso nos meus avós, fico sem voz antes de espetáculos, fico com siricutico se penso em quanto tempo falta pro futuro ser inteiro, e no pouco tempo que me resta antes do presente que "está", passar.
Não sei oque eu vou ser quando crescer, mas prefiro ter planos, e fingir que neles eu deposito certeza, pra que a vida não se esvaia mas para que exista surpresas; o que no leva ao próximo item: odeio espectativas salgadas, só gosto das doces..


Mas eu não vou mudar hoje. Eu ainda não sei. Ou, ainda, eu não sei.

Meu olho ainda sai vermelho em fotos.
 
terça-feira, maio 02, 2006
  do peso daquela mesma cruz.
. Sou capaz de fazer da minha briga meu abrigo. Meu pai hoje me disse "acho que se um dia eu e a sua mãe vendessemos essa casa, você ficará meses sem falar comigo". E eu tive que ouvir. Sabe como é. Às vezes a música dentro da cabeça resolve sumir bem quando a gente quer que ela toque alto.
TPM, cansaço, nervozismo acumulado. Achei que essa semana tudo ia esvair sabe? Todo o nervozismo do Cacilda, do roubo do celular, dos cartões, das entradas velhas de cinema, do rg. Identidade. Irônico né? "Depois que eu perdi meu rg, eu não senti vontade de fazer outro."

Ser eu cansa às vezes. Lágrimas embutidas nos olhos, a nuvem que paira no olhar não quer ceder e faz frio. Faz muito frio. Não tem solução, get over it. Parece essa a lição da vida nesses ultimos meses. Não há palavra, não há saída, não há pois não há. Saída, não sei bem pra onde. Nenhuma porta leva pra fora do mundo pequeno que, por falta de espaço, se conturba e embarassa todo.

De mim ainda resta eu, e eu poderia perfeitamente discorrer aqui sobre minha fantástica paixão por cheiros de teatro antigo e pelo enquanto para com as manias pessoas-individuais-intransferíveis de cada um que passa por mim e cabe dentro do raio de um pensamento que, às vezes de tão agitado, se reformula a cada passo.

Poderia sim, mas não vou. Hoje eu me sinto gato sem pêlo, atriz sem platéia e não cobrarei de mim que o texto saia menos deprimente do que ele parece na minha cabeça. Não dá.



Da decepção, te peço um abraço. Me abraça?








* Sim, o Cacilda foi feliz. Mas eu guardo pro próximo post. Fez-se tristeza, nada que o tempo não leva.





ouvindo: elevator beat.
 

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Local: São Paulo, São Paulo

aquela do lugar onde as coisas andavam mais devagar. se mudou e recentemente pega o metrô cheio da linha vermelha.

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