o mundo pequeno.
segunda-feira, maio 15, 2006
  na manhã da segunda feira
.

As ruas amanheceram encardidas. Nada que fosse novo na vida de Osmar. Para ele, a imundice não era novidade e estava em todos os cantos. Até mesmo naquele restaurante chique que ficava na rua onde ele custumava olhar os carros, mesmo naquele cinco estrelas, os ratos entravam de noite. Mal sabiam as pessoas que lá frequentavam.
O céu amanhaceu tão frio quanto todos os dias anteriores, o sol andava se escondendo. Ele compreendia tudo calado, até mesmo o porquê da atmosfera pesada da manhã. Era medo.

Dormiu como sempre até às 9:45 da manhã, no mesmo canto encardido da mesma pracinha encardida, na frente da estação de trem encardida, onde dormia todos os dias. Até ser acordado pelo dono da banquinha de jornais ao lado.
Depois de andar um pouco para conseguir algumas moedas, comprou um espeto de carne num buteco qualquer do centro da mesma cidade, da qual não saia nunca. Sentou e degustou cada mordida daquele espetinho e do resto de uma tubaína velha que encontrou no lixo.

As pessoas andavam mais rápido naquele dia. Os ônibus eram poucos na rua, e os andantes, que nunca se olhavam, agora não mais ignoravam a presença um do outro no ponto do ônibus. Não dava mais. Qualquer um ali parecia suspeito. A televisão do buteco estava ligada. Copa chegando. Espetinho terminando. O fluxo de carros de polícia aumentava com o passar do dia, mas nada de diferente pra ele e sua monotonia.

No final do dia, deitou-se em seus papelões e dormiu, como qualquer outro dia. Apenas no meio da noite acordou sendo cutucado por uma criança que parecia ter se perdido dos seus pais ao descer do trem, na estação próxima, devido a barulhos de tiros que alarmaram os passageros. Chorava, o coitado. Com roupas pequeninas, típicas de uma pessoa pequena. Era criança afinal de contas, moreno, com o cabelo penteado pro lado.

Confuso com a história, e com mente que já não trabalha no mesmo ritmo de antes, abraçou o garoto que tremia de frio e de medo, e num impulso o colocou deitado, na coberta com a qual ele se cobria. Assim, levantou, sentou ao lado do garoto aconchegado em sua cama. Aquietou-se; esperando o dia amanhecer. Muita maldade no coração, pensava ele com lágrimas por dentro. Muita maldade no coração.
 
Comentários:
Eu quero dizer que adorei o texto!
ahh nao...muito formal
uhuhuh
texto foda!!
ops..pode falar palavrao??
nao neh!!
droga!!
foi so expressao
mas entaoo
te adoro!!
bjo bjo

ass.: Tom
 
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aquela do lugar onde as coisas andavam mais devagar. se mudou e recentemente pega o metrô cheio da linha vermelha.

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