o mundo pequeno.
segunda-feira, julho 31, 2006
  Dalila
.
So who's going to watch you die?...

Meus olhos estão azuis hoje. Azul clariiinho. Eles ficam assim quando eu choro.

What Sarah Said. Hoje de manhã acordei, desci e vi ela lá, deitada na sala como o veterinário mandou, coberta, com dificuldade de respirar. Grande, 11 anos. 77 na idade deles. Me aproximei em lágrimas, lembrei do dia que ganhei ela, tinha sete anos, forma que meus pais encontraram de me persuadir, primeiro divórcio.
Adestrada, mas sem aquela parte toda de ataque. Ela sempre foi lady. Sempre lady. Desde semana passada tomando vacinas, com o sangue ralo, sem fome e me dando a pata a todo momento como quem pede ajuda. Ela era linda, juro. Juro por Deus que ela sorria.
Não deixa de ser triste por ser cachorra, ou velha, ou por ter morrido sem precisar de injeções; não é o tipo de criatura que se sacrifica. Mas meus olhos estão azuis, e ficam cheios de água toda vez que eu lembro que ela não está mais no quintal. É sempre morte, é sempre falta, é sempre lembrança. Não quero mais um cachorro, não depois dela, não depois de ver o quanto pode-se sofrer até morrer de "falência múltipla de órgãos", não cabe em mim acreditar o quão fiel ela foi á minha infância, família, casa.
Mãe, nata. Teve nove filhos uma vez, mas todo ano ela tinha gravidez psicológica. Quando a outra, Dara, teve filhotes e não pôde amamentá-los foi o leite dela que eles beberam. Uma dobermãe.
Esperou eu, meu pai e minha mãe em casa pra ir embora. Tá doendo, parte de vida.




A cachorra mais querida e educada da via Láctea, em fotos de álbuns, assim, daqueles de infância. Lágrimà pelo pedaço de vida.

"If heaven and hell decide that they both are satisfied
Illuminate the no's on their vacancy signs, if there's no one beside you when your soul embarks...then I'll follow you into the dark


So who's going to watch you die?...
 
sexta-feira, julho 28, 2006
 
depois do amanhecer.

Assim, de súbito, o céu seria roxo com rosa e laranja, choveria a chuva mais linda do dia mais abafado da forma mais refrescante que uma chuva pode ser.
Lavaria e os levaria, assim com as franjas molhadas, o braço arrepiado e os sapatos alagados, a se aproximarem passo por passo.
O cenário seria esse, aqui da rua de trás, com uma porta para o "pra sempre" na esquina, com um cachorro sorrindo de forma marota, o céu saltitando de felicidade em relâmpagos que acenderiam o céu de baunilha, e um anjo de lado chorando uma lágrima bonita com teor de "missão cumprida".
Voltando á foto, os sapatos que se aproximam, ela de chinelos e ele de tênis, ela com a jardineira verde musgo (que afinal ressaltava os olhos e as bonitas pernas), ele de bermuda com a camisa xadrez velha de sempre (afinal, era o ele de sempre).
Ela de rosto pra baixo e ele o mesmo. Olharam-se como se no olhar o suspiro saisse em gritos estridentes de agonia, ela tremia, ele sorria. Ele levantou o queixo dela, ela arrumou as franjas dele. Gotas. Vento. Ela ergueu os braços, enrolando-os naquele pescoço longo, ele fez o mesmo em sua pequena cintura e a puxou pra junto, levantando-a do chão, e num abraço, se encontraram.

Mas na foto, mesmo, só apareceram os pés, pontas grudadas e o joelho dele um pouco dobrado. "Ele é alto", ela pensou. "Ela é linda", ele sussurrou pra si mesmo.
 
quinta-feira, julho 27, 2006
 



Dorme, minha pequena, não vale a pena despertar.




Depois você sai por aí, atrás da aurora mais serena, agora dorme minha pequena, não vale a pena despertar.

[Acalanto - Cristiane Ferreira (filme: A Máquina)]
 
segunda-feira, julho 24, 2006
  Ensaio de uma carta ao mundo:

Não fosse pelo azedume que coroe o peito eu não colocaria em palavras a angústia de não fazê-las perfeitas para explicar oque mora aqui dentro, sacramentado ao meu lado de dentro, junto.
A força que isso tem dentro de mim se faz maior do que a fome ou a pressa. Tem gosto de medo, requintado pelo desespero de te ver assim, de perto. Sabe, mundo, medo mesmo, daqueles que a gente tem quando existem duas ou mais possibilidades de resultado para uma determinada expectativa.
Você é grande, e eu o contrário. Dá no que dá. Mas assim, de perto, é adrenalina de correr pra todas estas portas que desfilam e se exibem para mim.
De salto alto, cabelo não mais natural, óculos porque foi necessário, viciada em café. Falaria menos, seria mais coerente, nem tão racional.
Já teria um MP3, diminuiria a mania de vírgulas, seria mais individualista, assim como as pessoas do mundo de fora.
Não teria uma casa e nem problemas com isso, nem lugar pra voltar. Inteira e agora completa eu não teria a sede que tenho aqui. Sede, buraco literalmente feito de espaço vazio esperando pra ser preenchido. Se não aqui, onde então? Não completa, coloco os fones naquele volume conhecido como ensurdecedor e admiro esse meu espaço pequeno. Como pode a gente se sentir deslocada quando ocupa todo espaço que deveria ocupar?
Você chama, chama, chama, mas não funciona fácil assim. Porque toda vez que eu me afasto, esqueço, abandonado, metade de mim aqui.

Por aqui mesmo,
 
segunda-feira, julho 17, 2006
 
Meu avô já teve câncer. Curado, há dois anos, ele é assim, mais vivo que eu. A casa dele e daquela que divide o posto de mãe com a minha própria mãe, parece uma fazenda, uma casa que que parou no tempo, um canto com cheiro de mato, bem no meio da cidade.
Ele, ativo, não concorda em andar de ônibus para ir na maioria dos lugares, mesmo não pagando, ele vai a pé. Vinho, praticamente cinco litros sozinho no natal e eu nunca o vi bêbado. Católico praticante, bem humarado, fala bom dia pra cada humano que vê ao lado.
Sua cachorra, Preta, mas parece um lobo. Chegou a pouco tempo mas faz meu meu vô ralar queijo comprado na feira, em cima do arroz quentinho, na hora de comer. Cachorra mesmo, juro.
Hoje eu estava lá. Fui pegar uns documentos para xerocar, ele pingava colírio nos olhos da cadela, que obedecia, singelamente, devolvendo a atenção com lambidas e mais lambidas em sua mão. "Corre, menina" ele disse pra ela quando terminou, ela obedeceu e correu em direção a uma ninhada de passarinhos que estava no chão, em frente à sua horta. "Passarinho não, preta. Só pomba e olha lá." Ela obedeceu.
Quando ele viaja, ela fica no portão, não improta quantos dias, ela fica lá, no portão esperando ele. Amor assim, singelo.


Ele? Nervozo, precisa de uma vacina cara. E eu? Correndo atraz de documentos pra aumentar o tempo de vida daquele que é mais humano do que eu jamais poderia ser. Só assim, por ser humano.
 
segunda-feira, julho 03, 2006
  lembrança desbotada.
.Nada. Nada de verdade, pensava ela. Nada que salvasse aquela baile. As mesmas toalhas vermelhas nas mesas, só mais desbotadas do que á anos atrás. As mesmas músicas, o mesmo samba de gafieira mal cantado por uma bandinha nova, que mal sabia oque era samba. As mesmas antigas pérolas escondidas na caixinha de bijuterias e a mesma dor ao vesti-las. Prometeu a si mesma nunca mais voltar aquele lugar, com aquelas pessoas.
53 anos de vida, dois amores. Um mais amado que o outro. Quando o primeiro partiu, à 13 anos, ela esteve naquele baile, onde encontrou a esperança de novo. Mas não desta vez, desta vez não seria igual. Seu segundo amor também fora embora e ela não entedia como a vida podia ser mais amarga que cerveja, nos seus lábios. Suas amigas, espalhafatósas, à obrigaram a colorir o cabelo de vermelho, como nos velhos tempos. O unico problema é que ninguém notou que não eram os velhos tempos.
Cicatrizes feias por dentro e por fora a impediam de aceitar qualquer velho (bem penteado e bem perfumado, que a justiça seja feita, eles eram) que a chamasse para dançar. Exceto o garçom, novo, era simpático. Ele com uma aliança enorme de noivado na mão, e ela pensa: "o pobrezinho ainda acredita em felicidade".
Petiscos frios, pés cansados de ficarem parados. Corpo cansado de ficar daquele jeito, parado. Queria ir embora, queria acender um cigarro sem que ninguém lhe dissesse que aquilo já matara seu marido, e a mataria também. Queria ir para a casa tomar um banho e tirar aquele cheiro de Laka do cabelo, spray maldito de fixação do penteado que ela nem gostava, nem ele gostaria se estivesse alí.

Presa, ao cabelo, às amigas, ào passado, os olhos dela choravam o velho Cartola, e a falta daquele amor que não precisava de bailes para leva-la para dançar.
 
sábado, julho 01, 2006
  slow but speeding.
Preste mais atenção no que você escreve e releia antes de postar.
Digite mais lentameeeente, mulher. Não soque o seu teclado.
Dave Matthews Bandd é bom sim, não se esqueça.

.....................................





I will go in this way. And find my own way out. I won't tell you to stay. But I'm coming to much more me. I´m waiting. I wanted to stay.I wanted to play. I wanted to love you. I came in praying for you.Why won't you run into the rain and play?And let the tears splash all over you.


de novo, e de novo e de novo que foi no dia que você se perdeu que você me conheceu.
 

Minha foto
Nome:
Local: São Paulo, São Paulo

aquela do lugar onde as coisas andavam mais devagar. se mudou e recentemente pega o metrô cheio da linha vermelha.

Arquivos
novembro 2005 / dezembro 2005 / janeiro 2006 / fevereiro 2006 / março 2006 / abril 2006 / maio 2006 / junho 2006 / julho 2006 / agosto 2006 / setembro 2006 / outubro 2006 / novembro 2006 / dezembro 2006 / janeiro 2007 / fevereiro 2007 / março 2007 / abril 2007 / maio 2007 / junho 2007 / julho 2007 / agosto 2007 / setembro 2007 / outubro 2007 / novembro 2007 / dezembro 2007 / janeiro 2008 / fevereiro 2008 / março 2008 / abril 2008 / maio 2008 / junho 2008 / julho 2008 / agosto 2008 / setembro 2008 / outubro 2008 / novembro 2008 / dezembro 2008 / janeiro 2009 / fevereiro 2009 / abril 2009 / maio 2009 / junho 2009 / julho 2009 / agosto 2009 / dezembro 2009 / agosto 2011 / fotolog


Powered by Blogger

Assinar
Postagens [Atom]

fotolog