Ensaio de uma carta ao mundo:

Não fosse pelo azedume que coroe o peito eu não colocaria em palavras a angústia de não fazê-las perfeitas para explicar oque mora aqui dentro, sacramentado ao meu lado de dentro, junto.
A força que isso tem dentro de mim se faz maior do que a fome ou a pressa. Tem gosto de medo, requintado pelo desespero de te ver assim, de perto. Sabe, mundo, medo mesmo, daqueles que a gente tem quando existem duas ou mais possibilidades de resultado para uma determinada expectativa.
Você é grande, e eu o contrário. Dá no que dá. Mas assim, de perto, é adrenalina de correr pra todas estas portas que desfilam e se exibem para mim.
De salto alto, cabelo não mais natural, óculos porque foi necessário, viciada em café. Falaria menos, seria mais coerente, nem tão racional.
Já teria um MP3, diminuiria a mania de vírgulas, seria mais individualista, assim como as pessoas do mundo de fora.
Não teria uma casa e nem problemas com isso, nem lugar pra voltar. Inteira e agora completa eu não teria a sede que tenho aqui. Sede, buraco literalmente feito de espaço vazio esperando pra ser preenchido. Se não aqui, onde então? Não completa, coloco os fones naquele volume conhecido como ensurdecedor e admiro esse meu espaço pequeno. Como pode a gente se sentir deslocada quando ocupa todo espaço que deveria ocupar?
Você chama, chama, chama, mas não funciona fácil assim. Porque toda vez que eu me afasto, esqueço, abandonado, metade de mim aqui.
Por aqui mesmo,