nunca mais encontrei minha casa.
- você é bem humilde. por que tanta humildade?
- ah, não sei, eu acho que eu sempre fui assim. pra tudo.
- mas não devia. não te leva a lugar nenhum. você está sempre a um passo de pular. parece que você não abraça nada.
é porque eu não abraço; pensei. e simultaneamente mudei de assunto.
bate na porta, poxa.
Acredito que as coisas mudam depressa. Por isso tenha essa curiosidade
insana de saber se as coisas continuam como deveriam, como estavam a meio segundo atrás. Porque eu mudo, e mudo bastante. Mudo o corte, a franja, as camadas, o
all-
star, o vagão, o livro (até às vezes sem
terminar, depois volto e faço a
bagunça), a pasta do
mp3. Assim, procurando sempre aquela melhor forma de explicar
oque pra mim, naquele momento, eu busco. E quando encontro, logo olho por cima, de rabo de olho e alcanço, lá longe, o próximo ponto pra achar.
Na virada do ano eu vi, de um jeito estranho, que o cansaço das pernas e da base da coluna não era só de postura, muito embora
poeticamente falando ('o
cansado da postura') coubesse bem aqui. Mas essa mudança constante e frenética na qual eu sempre vivi e da qual eu tenho um
PUTA ORGULHO, está me cansando. Me falaram lá no trabalho esses dias 'ela é assim mesmo, dia fala bom dia, dia chega calada' e não que eu ache que é culpa de alguém se meu dia não começou da melhor forma possível, mas eu simplesmente não me forço e não me violento.
Li no livro '
Crônicas', do Dylan, que a a
vó dele dizia que gente deve ser gentil com quem a gente encontra; pois todos estão travando uma dura batalha. E eu acredito piamente nisso.
E
cabô. Eu acho.