o mundo pequeno.
terça-feira, abril 17, 2007
  música pra casa
É incrível como a comida tem mais gosto quando todo mundo, ou pelo menos a mãe, senta a mesa. Mas de segunda feira não é curtume corriqueiro ter mais alguém pra jantar.

Segunda o irmão não foi na faculdade, crise existencial. O irmão é aquele de quase nenhum amigo, de mundo pequeno, egoísta em seu jeito restringindo ao que lhe interessa e só. Mas naquela segunda ele não foi.

Ela finge quenão vê que ele está em casa. Prova o arroz fresco que tem gosto de arroz de quando se come sozinha, vira as costas e levou para a sala um guardanapo. Estendeu na pequena mesa da sala, e colocou sobre ela uma tigela com umas poucas folhas de alface americano temperados só com limão. Ao levantar ouve a campainha, avisa o irmão (já que a visita só poderias ser para ele, pois as segundas-ferias são pontualmente calculadas), e volta pra cozinha. Faz um prato e caminha de volta pra sala. Vê dois vultos subindo. O irmão tem companhia.

Isso só acontece por dois motivos. Nem por dois, apenas um. O irmão só tem companhia quando algo na vida dá errado, quando algo sai dos planos, quando ele se perde na vida que planeja e insiste em falhar, com intervalos de seis meses entre as falhas.

Janta vendo tv, joga fora duas horas de seu resto de noite na internet e sobe para dormir. O telefone toca:
-Amor, os caras passaram aqui em casa e eu to conversando com eles, quando eles forem embora te dou um toque. Boa noite.

Namorado quando encontra seu lugar no mundo lhe fornece grande prazer, meninos procuram pouco meninos. Menos carentes eu acho, mais não menos sozinhos. Desliga o telefone e deita recebendo nos ouvidos um som que vem do quarto ao lado.

A guitarra desengonçada do irmão (que ela sabe que quando toca é porque está perdido) numa voz desafinada do primo que mora na rua de trás.


Os meninos da vida dela deveriam se juntar mais vezes.
Dormiu bem aquela noite. Muito bem.
 
terça-feira, abril 10, 2007
  amigo de passeio.
Acho que todos os cachorros do mundo estavam tristes hoje. Todos.

No ponto de ônibus um cachorro do tamanho de um labrador, mas vira-lata. Triste. Eu ia dar uma bolacha de chocolate pra ele, não deu tempo. O ônibus chegou. Junto com ele outros dois, mais magros e mais tristes dormiam na sombra da cobertura do ponto de ônibus e deveriam, como eu, sentir o cheiro de carne que vinha da churrascaria que fica mais pra frente.
Da janela do ônibus talvez um mais triste. Tinha casa e talvez tivesse comida. Tinha até um cobertor, mas na garagem onde ele estava não tinha carros. A casa deveria estar vazia.

Tomei uma decisão. Amanhã vou levar comigo uma sacola de comida que iria pro lixo (já que a minha cachorra está de regime). É# pouca coisa mas dá pra dividir. Minha vontade é maior ainda. Abaixar, acariciar a cabeça deles e ficar sentada lá um minutinho.

Sei que eu fiquei tão sentida pelo olhar triste daquele cachorro que não encontrava posição nem pra deitar que quando eu cheguei em casa nem cumprimentei a Dara, minha cachorro gordinha. Acho que é por isso que mendigos têm um cachorro. Cachorro precisa de companhia. Não nasceu pra ficar sozinho.
 

Minha foto
Nome:
Local: São Paulo, São Paulo

aquela do lugar onde as coisas andavam mais devagar. se mudou e recentemente pega o metrô cheio da linha vermelha.

Arquivos
novembro 2005 / dezembro 2005 / janeiro 2006 / fevereiro 2006 / março 2006 / abril 2006 / maio 2006 / junho 2006 / julho 2006 / agosto 2006 / setembro 2006 / outubro 2006 / novembro 2006 / dezembro 2006 / janeiro 2007 / fevereiro 2007 / março 2007 / abril 2007 / maio 2007 / junho 2007 / julho 2007 / agosto 2007 / setembro 2007 / outubro 2007 / novembro 2007 / dezembro 2007 / janeiro 2008 / fevereiro 2008 / março 2008 / abril 2008 / maio 2008 / junho 2008 / julho 2008 / agosto 2008 / setembro 2008 / outubro 2008 / novembro 2008 / dezembro 2008 / janeiro 2009 / fevereiro 2009 / abril 2009 / maio 2009 / junho 2009 / julho 2009 / agosto 2009 / dezembro 2009 / agosto 2011 / fotolog


Powered by Blogger

Assinar
Postagens [Atom]

fotolog