Dalila
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So who's going to watch you die?...Meus olhos estão azuis hoje. Azul clariiinho. Eles ficam assim quando eu choro.
What Sarah Said. Hoje de manhã acordei, desci e vi ela lá, deitada na sala como o veterinário mandou, coberta, com dificuldade de respirar. Grande, 11 anos. 77 na idade deles. Me aproximei em lágrimas, lembrei do dia que ganhei ela, tinha sete anos, forma que meus pais encontraram de me persuadir, primeiro divórcio.
Adestrada, mas sem aquela parte toda de ataque. Ela sempre foi lady. Sempre lady. Desde semana passada tomando vacinas, com o sangue ralo, sem fome e me dando a pata a todo momento como quem pede ajuda. Ela era linda, juro. Juro por Deus que ela sorria.
Não deixa de ser triste por ser cachorra, ou velha, ou por ter morrido sem precisar de injeções; não é o tipo de criatura que se sacrifica. Mas meus olhos estão azuis, e ficam cheios de água toda vez que eu lembro que ela não está mais no quintal. É sempre morte, é sempre falta, é sempre lembrança. Não quero mais um cachorro, não depois dela, não depois de ver o quanto pode-se sofrer até morrer de "falência múltipla de órgãos", não cabe em mim acreditar o quão fiel ela foi á minha infância, família, casa.
Mãe, nata. Teve nove filhos uma vez, mas todo ano ela tinha gravidez psicológica. Quando a outra, Dara, teve filhotes e não pôde amamentá-los foi o leite dela que eles beberam. Uma dobermãe.
Esperou eu, meu pai e minha mãe em casa pra ir embora. Tá doendo, parte de vida.
A cachorra mais querida e educada da via Láctea, em fotos de álbuns, assim, daqueles de infância. Lágrimà pelo pedaço de vida.
"If heaven and hell decide that they both are satisfied
Illuminate the no's on their vacancy signs, if there's no one beside you when your soul embarks...then I'll follow you into the dark
So who's going to watch you die?...