Sofia. Ela não morava mais ali mesmo.
Então ela nem estava tremendo, seus ossos não estavam fracos e sua respiração não estava ofegante. Andou por toda a casa, passou pela avó que tricotava, pelo irmão que estragava alguma coisa alheia, pela mãe que escolhia feijão. Passou por eles, várias vezes. Nada confortável ela parou e notou que não estava. Simplesmente por não estar.
Procurou alguma parede que pudesse ouvi-la mas nem mesmo para as paredes ela conseguia confessar essa vontade louca de não ser mais simplesmente feliz.
Procurou na internet algum canto que progetasse nela um pouco de calmaria. A angústia estava dentro do peito, e parecia que não sairia dali nem se fosse retirada com a mão.
Tomou um longo banho e tentou achar fórmulas que fizesse o tempo passar mais rápido. Ele ainda não estava pronto. Mas ela estava. E ele passou, já que não poderia ser diferente.
Deitou e colocou o relógio pra despertar às exatas 4 da manhã. Acordou, pegou um punhado de roupa, juntou na sua bolsa mais esquecida, se vestiu daquela exata maneira que qualquer um que a visse saberia que ela não pensou, em nenhum momento sequer, em que roupa usaria.
E foi, procurar aquilo que lhe faltava, algo que a fizesse esquecer daquela angústia. Que já se tornara repetitiva. Um lugar para pousar ou um céu mais bonito para voar. Qualquer coisa que a fizesse saber qual é o gosto de um colapso de adrenalina, de novo. Custumava ter um gosto.
Compensava tentar já que custumava ter um gosto.