Sofia não moraria mais ali.
Um dia ela acorda e nota que pela primeira vez em sua vida ela se encomodou com o barulho anormal que vem da casa ao lado. Levantou-se e desceu, sua mãe lhe pediu que fosse á quitanda e ela pela primeira vez, não reclamou. Foi ouvindo suas músicas no mesmo walkman velho que ganhou do irmão mais velho que tinha ganhado do primo. Mas não ouvia nada. Andava pela rua e pela primeira vez não mandava nos seus passos. Eles já eram automáticos mesmo.
Voltou e encontrou seu pai, lhe disse (pela primeira vez) que não queria almoçar na casa da tia chata e ele (pela prim...) entendeu. Tudo absolutametne em seu devido lugar mas tudo, drasticamente, fora dele.
Alguém jogara dados durante toda noite em seus sonhos, bagunçando-os de forma cansativa e exaustante. Não sorria pois, já não havia mais pelo quê sorrir. Nem mesmo os passarinhos voando sobre a árvore amarela da praça atrás da sua casa, tinham graça. Alguem havia jurado algo pra ela, mas não se realizaria. E ela sabia.
Tentou fazer tudo voltar ao seu devido lugar puxando briga com seu irmão que brigaria com a sua mãe e a casa viraria um inferno e ela teria pelo quê chorar. Mas não deu certo, também. Naquele dia, ela soube. Teria que partir. Partir em busca do sorriso, procurar o desespero parta poder remar em direção do sussego.