Sofia. she just locked the door
A rua estava silenciosa e parecia até que suas preces para o cachorro não acordar, funcionaram.
Andou. Andou. Andou. E o caminho até a estação nunca pareceu tão longo. Olhava aos lados com medo que seu mundo a seguisse no olhos, e um medo de deixá-lo, estancado em seu coração.
Seu dinheiro dava mas preferiu não comer, sentir as borboletas no estomago. Mariposas na verdade. Apenas mariposas.
Comprou a passagem, conferiu o destino e entrou no ônibus assim que esse estacionou para receber os bilhetes.
Pensava nas suas pessoas mas com carinho tentou não enlouquecer. O velho discman (aquele mesmo do primo mais velho que passou pro irmão mas velho que não fez questão nenhuma de preservar) dava a calma e dava intensidade ao mesmo tempo. O silêncio não era ausência. Era hoje o som da coragem que batia naquele coração que já tinha se machucado antes mas, era imenso demais e tinha espaço sobrando no mundo dela para tudo aquilo.
Encostou na janela e pensou em todas aquelas imagens reais que vinham, puramente, de sua imaginação e que a deixaram tão cega. Elas brilhavam muito e andar sem enxergar é preciso mesmo muita coragem. E ela conseguia se orientar.
As curvas pareciam suaves, bonitas, e a adrenalina virava verbo.
Antes cor. Agora cor... e som.