uma flacha sem alvo que dança



Não sei se é por ser fim de semestre, mas eu me cansei de não sentir nada. Parece só cansaço. Pra baixo, costas curvadas, e rosto apático que só ganha um sorriso quando eu coloco os fones de ouvido e mudo de mundo. Mas assim, sozinha, eu não consigo mais, a distância entre o meu "eu mesmo" é muito grande.
Talvez seja a época, mas parece que oque eu quero é só sentar naquele banco de ônibus, do lado da janela, e ficar com ele andando por aí. Chegar no meu ponto e não descer e andar e andar e andar. Assim, sem alvo.
Eu já não acho mais graça nas coisas na minha volta e até o sol deixou de ser motivo de poesia. Parece mais que os dias não amanhecem. Presa nos pesadelos eu penso, ainda dormindo, que eu preciso acordar. Presa no dia eu penso, já acordada, que eu preciso dormir. Falta força pra ser obstinada.
A falta de vontade de ter vontade, e parece que os momentos de descanso pasame tudo que eu quero é que os proximos cheguem e eu não gosto disso. Nunca gostei de querer que o tempo passe mais rápido. Nada do que eu deveria estar fazendo eu estou fazendo por inteiro, e as vezes eu penso em correr mas eu caí da escada hoje e machuquei o pé. Todo aquele mundo com o qual eu troco coisas parece não me responder e se responde, eu, assim apática, dou os ombros e desvio.
Um agito que mora aqui dentro. Um vento que pasa ressecando o lábio, o cabelo, a pele e o peito. E eume anulo, justamente pra não ter que ser anulada.
a flecha que corre e corre e corre, e só.