desatento
Não acho que é possível fazer tudo que se quer fazer na vida. Não acho e nem por isso desisto de tudo que eu ando fazendo porque tudo isso é oque eu, por enquanto, quero fazer.
Às vezes faz frio. Um frio insuportável. Às vezes não se sabe onde se quer chegar, eu não sei. E quando penso que sei, admito que não quero correr tanto. Maldita cultura essa de atropelar os momentos, de crescer mais rápido, essa cultura de adoração aos precoces.
Talvez compense, quando você chega onde quer (ou mesmo, onde idealiza querer chegar)é bom e reconfortante, mas perde-se tanto. Perde-se absurdos. Não dá mais pra ver o tempo passar. E se você não vê como que você o aproveita? Ou é mesmo assim, pra não aproveitar? Uma vontade imensa de me afogar nos personagens e nas sagas dos indivíduos que meu imaginário cria pra brincar de ser escritora, mas não dá mais tempo pra nada. Nem pra ler direito dá.
Escrevendo pior. Aí, o bicho pega. Quando o teor do texto piora, o "lance" todo é mais pesado. Por não conseguir me aprofundar em nada eu quase que desisto de pensar sobre certas coisas, porque eu me perco no meio do caminho. Daí a voz falha e quando eu vejo, o pensamento já fugiu.
.às vezes eu sinto falta do conforto que era conhecer as certezas da vida.
Festil.

Festival. É o primeiro. E que Dionisio nos proteja. E que ele limpe as minhas amídalas também, assim, se ele se lembrar.
Ela, grande.
.mais humana.
Ontem, eu saí do meio da aula pra ir comprar um doce de aniversário para a minha mãe. Na rua eu senti um cheiro de manhã, sabe? Cheiro de manhã. E de Oxigênio. Ar. Porque no caminho escola-cursinho, as ruas estão tão cheiras que é praticamente impossível respirar direito. Diminuí até o número de vezes de ligar o discman pra me sentir mais humana, mais normal. Livros consomem, fato.
Me disseram que você nunca se acustuma com o cursinho, também, é ver seu passado correndo em direção ao futuro que te suga, suga e suga até você não ter vontade nem de jantar, apesar de ter fome.
Corro, com a mochila de cinco quilos nas costas, por sete quarterões mais a subida da Elisa Fláquer, entro no I06 lotado e chego atrasada na ELT. Saio de lá com uma vontade absurda de ter tempo pra fazer/pensar em mil coisas mas no dia seguinte, já acordo cansada. Como pode o corpo da gente já acordar cansado?
Tão, absurdasmente, absorta que eu chego a ter um choque quando chego em casa e volto pra vida de novo. Choque, sempre um buraco.
Tempo que passa correndo, que leva a infância, que leva a inocência.
"Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nêle
Porque pensar é não compreender."
Aqui, de restos.