.mais humana.
Ontem, eu saí do meio da aula pra ir comprar um doce de aniversário para a minha mãe. Na rua eu senti um cheiro de manhã, sabe? Cheiro de manhã. E de Oxigênio. Ar. Porque no caminho escola-cursinho, as ruas estão tão cheiras que é praticamente impossível respirar direito. Diminuí até o número de vezes de ligar o discman pra me sentir mais humana, mais normal. Livros consomem, fato.
Me disseram que você nunca se acustuma com o cursinho, também, é ver seu passado correndo em direção ao futuro que te suga, suga e suga até você não ter vontade nem de jantar, apesar de ter fome.
Corro, com a mochila de cinco quilos nas costas, por sete quarterões mais a subida da Elisa Fláquer, entro no I06 lotado e chego atrasada na ELT. Saio de lá com uma vontade absurda de ter tempo pra fazer/pensar em mil coisas mas no dia seguinte, já acordo cansada. Como pode o corpo da gente já acordar cansado?
Tão, absurdasmente, absorta que eu chego a ter um choque quando chego em casa e volto pra vida de novo. Choque, sempre um buraco.
Tempo que passa correndo, que leva a infância, que leva a inocência.
"Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nêle
Porque pensar é não compreender."
Aqui, de restos.