boa caminhada
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Hoje eu fui dar os parabens pro meu avô. 82 anos. Já falei dele aqui uma porção de vezes. É, seu Antônio. Seu Antônio é uma figura.
Quando eu cheguei lá me doeu. O pé dele tava cortado. Eu vi aquilo e me doeu tão fundo, tão fundo que eu penso que se eu pudesse colocava ele aqui dentro do meu bolso mais secreto, dentro do qual existe um mundo de hortas e árvores pra ele cuidar e ver crescer. E quando eu sai de lá minha mãe foi levar minha avó no hospital. Rosto todo enchado de reação alérgica. Daí, doeu de novo. A respiração foi funda, intensa, como quando eu penso no problema mais impossível de ser solucionado. Porque esse não se soluciona. A vida é delicada, e isso é tudo.
Talvez seja por isso que tem gente que só faz sofrer. É difícil, é doloroso.
Quer ver?
É tudo tão intenso, é tudo tão grande, tem tanta história, tanta lembrança, tanta esperança que até desgasta. E pra quê toda essa intensidade? Hoje, num pensamento pequeno e singelo, resultado de uma frase ou duas de conversa, eu até consegui sentir cheio de comida conforme o ônibus passou na frente daquele casa que mora uma senhora que toda manhã sai pra comprar jornal. Justamente quando eu passo em frente a casa dela pra ir pra faculdade pra tentar aprender a escrever um jornal.
Talvez ela não esteja mais lá quando eu começar a escrever no jornal que ela lê. Talvez ela já tenha mais que 82 anos.E talvez, quando ela se machuca, a neta dela também sente dor por ela.
E você? Sabe oque é sentir dor por algúem?
.Esse aí é o vô Nico. Faz piadas, cria engenhocas, planca e colhe. Rala queijo no arroz pra cachorra, é fortena postura e na fala. E quando se machuca arranca um pedaço do meu peito e leva embora.Marcadores: tesouro