blue waters in her eyes
Ofereço meu lugar no trem. Olho para a janela, sento o sono vindo de mansinho, quase carinhoso. Naquele trem, no meio de tanta gente, uma senhora me olha fixamente. Parece que vê minha alma, estranha essa sensação. Se ela visse saberia que eu estava com medo.
Do trem, da plataforma, das pessoas, dos meus passos, das minhas coisas, da minha vida. Vida que me sorria lá na plataforma e que sorri e novo e de novo quando eu passo por aquelas estações que me levam ao Satyros. Não pelo grande ou pelo pequeno, mas por tudo que aquilo lá representa.
Pronta? Sei lá. Sei que de algum jeito eu não me sinto segura em lugar nenhum. Nem lá nem aqui. Nem com ele, nem sozinha. Sem segurança eu pisco os olhos e tento esquecer essa sensação de perda. Achei que poderia ser por ele, perder ele por algum motivo ridículo. Mas quem está indo embora sou eu mesma. Aquele pedaço de mim que não vai conseguir acompanhar a idéia de voltar sozinha pra casa, a idéia de não ficar co o namorado no sábado de noite, a idéia de não ter peso nenhum dentro daquele elenco, aqule pedaço de mim que nunca quis ver que talvez o caminho um dia fosse ficar perigoso. Eu acho que contava com a segurança.