do meu colonial acaju.
Decidi te dar um post.
Independente da comovente significação de 'porque escrever por alguém', eu quis te dar um post. Porque independente de onde e como isso vai parar, achei justo falar pra alguém terceira pessoa real. Já que todas as terceiras pessoas que aparecem por aqui, sou eu ou alguma parte de mim.
Abandono o que é pronto, e digo adeus. Porque ninguém se anula com ninguém e graças a deus a gente não precisa disso. O bom de ter alguém que canta com você é que esse alguém pode criar outros timbres para cantar aquilo que você sempre cantou. E adivinha? Você não se divide com as pessoas, você pode se potencializar com elas.
O tempo sentiu inveja e decidiu que era melhor ser mais veloz. E a gente só faz eterno aquilo que quer. Não é imortal, talvez eterno. Mas tem diferença. Existe uma resignação no imortal, de sacramentação que a palavra "eterno" não me denota. Eterno pode mudar, mas é eterno mesmo que mude. Mesmo que aumente, mesmo que diminua. Permanece.
Você me fez bem. Eu com essa minha maldita maneira de não permitir que ninguém permaneça por completo, essa minha mania de querer cantar sozinha, eu quis você por perto pra aprender a cantar diferente. Adivinha só? Passarinho não nasce pronto. E eu ainda não sei escrever pra uma pessoa seja fora do meu dentro, pelo excesso de mim que há em mim. Eu preciso de mais tempo.
Basta a gente querer
ser desta vez a melhor
Só uma vez,
Uma só voz.
Eu que só faço chover.
Existe uma parte dela, uma daquela que ela insiste em preservar, que aparece quando chove, quando o dia é cinza, quando se fala em passado, quando é preciso ser sozinha.

Essa ela, essa eu (sempre na terceira pessoa, eu sei), precisa respirar ares novos. Essa tem uma influência de uma coisa meio vermelha meio roxa, meio intensa que quer sair pra dançar, que quer andar sem NUNCA parar e sem chegar a lugar nenhum. Essa que quer, do mundo todo, a casa pra morar.
Ela também quer permanecer, mas ainda é menos do que a vontade que bate no fundo do peito de ser completa da melhor maneira possível. E eu, que incessantemente procuro me ser mais completa, dou de cara com essa parte de mim que recarrega as baterias, aquece as canelas e está sempre pronta pra mais uma caminhada. Ela sabe daquela verdade Lispectoriana de ser: 'o que há de se fazer com a verdade que todo mundo é um pouco triste e todo mundo é um pouco só'.
Eu respiro, sinto que é ela chegando de novo. Talvez fosse ela o gato machucado que voltou pra casa nos meus sonhos dessa semana, talvez seja você, talvez seja ele. Talvez não seja ninguém.
Mas ela está aqui. Porque a gente é pequena. Mas mora na grandiosidade de tentar ser sempre maior.
A chuva nunca pára de cantar
A chuva nunca pára de descer.
[parafraseada Preta - Cordel do Fogo Encantado]